Além da Superfície.




Depois de dar muitas voltas pensando no mesmo lugar, acabei por cavar um círculo na terra, fui além da superfície. Já pensou se eu encontro um tesouro?



Quando o mundo em torno de nós nos aparenta ser superficial, é porque não demos muitas voltas ou porque precisamos vê-lo assim para agradarmos o nosso próprio ego, uma massagem, um alívio para nossas vidas modernas tão desprovidas de afeto.

Este desdém com o externo é uma desculpa para vivermos a ilusão de que somos poderosos, os maiorais. E porque? Se jamais poderíamos ser mais profundos comparados a infinitude do que nos cerca.

A chave da mudança, acredito eu, é o posto de observação que nos colocamos para admirar o mundo, basta querer enxergar diferente, mudar o ângulo, o foco. Está lá para quem quiser ver, nas pessoas, nas ruas, na nossa casa, no seu travesseiro, nas coisas que vem por acaso, e finalmente, onde mais o ponto de vista alcançar a melhor verdade.

Essa ilusão de que as coisas são rasas, é um fruto podre da falta de humildade. Humildade, esse revés intrínseco a nossa condição de gente faz mesmo umas distorções perigosas. É necessário se dobrar ao mundo, respeitá-lo, e assim ele o respeitará e o retribuirá.

Quando reclamamos do externo, é apenas para nos sentirmos potentes por dentro, um luxo, um capricho humano a qual se paga um preço caro.
Carregando o sentimento de que as pessoas são superficiais, elas serão superficiais, porque o seu coração não quis ir além.
De que o que você ouve é insignificante, será mesmo insignificante, porque os seus ouvidos não quiseram ir além.

Agindo assim, jamais conseguiremos deslumbrar o que também estava ali, mas nossos olhos orgulhosos e viciados não nos permitiram penetrar.

Então meu caro, vamos deslumbrar o que está aqui, ali e aculá. Deslumbrar, é hora de conjugar esse verbo transitivo em todos os tempos.

3 comentários:

  1. Bacana... O assunto não faz tanto o meu estilo, mas está bem escrito e bem diagramado no blog... Lembra um pouco aqueles livros de auto-ajuda, mas sem a banalidade e obviedade características desse tipo de texto... Não sei se essa foi a intenção, mas certamente é um caminho a ser considerado, pois atualmente nenhum estilo é tão lucrativo na literatura...hehehe Grande abraço!

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  2. Às vezes me pego perguntando se não será isso culpa dessa indústria do entretenimento, que prega o fácil a qualquer custo, exaltando as facilidades pregadas pelas celebridades (facilidades essas que somente eles estão aptos a aproveitar, pois conseguem escapar impunes de qualquer ato, principalmente os ilícitos). Numa sociedade baseada nesses valores tão frágeis é impossível, muitas vezes, ver o que nos rodeia com profundidade.

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  3. Concordo! Observar é enriquecer-se, é sentir com os olhos o que devoramos em palavras.

    Ser simples...

    Parabéns!

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