VIVA A MELANCOLIA

Conto Duma Garota Que Conheci.

Nesse exato instante a Menina quer entrar no retângulo multicolorido. Mal sabe ela, que ele é acinzentado. Esse retângulo libera um estonteante perfume de jasmim, é uma brisa que vem como música lá do terreno onde ela mora.

É o terreno das cruzes meu irmão!

A Menina sai da janela quando se da conta do horror. Ela sofre, sofre muito. Olha pros lados a procura de alguém pra conversar. Não há ninguém.

Um caderno de capa dura escondido na gaveta serve, e começa:

A quem me interessar.

Só aceitando, se enganando e fingindo pra aguentar a barra.
E diacho, sabe o que eu quero? Eu quero o que vi ontem na feira, um homem sorriu pra carne presa no gancho em forma de S, exposto ao ar livre, com larvinhas nascendo dos ovos das moscas. Quero ser esse homem. Aceitar, não com meu costumeiro sorriso amarelo, aceitar como esse brasileiro que eu também sou pra não mais sentir tristeza.

E isso tudo que me atravessa a alma é de tanto querer o outro, o próximo, o semelhante, fez esquecer-se de mim, por onde anda minha individualidade? Na verdade é tudo distorcido, desfigurado.

Agora aceito de vez, sou infeliz, algo muito natural, sol ligado a natureza, deve ser isso. Então deixo os monstros passarem pelas minhas exigências.

E me empolgo com essa quebra de paradigma, seja lá o que isso for a essas alturas. Chego a não bocejar para os traços de um quadro. E até descubro versos onde o pintor limpou o pincel. Aprovo, aproveito o que tenho tá tudo aí na mesa, acho graça, é uma benção, entendo os religiosos.

Dou uma chance para a vida entrar nessa casa, mas só porque olho pelo olho mágico antes.

Haaaaaaa, não! Esqueça!

Rasgue tudo o que eu disse, que raiva, inferno... Somos uns pobres coitados. Perdidos de tudo isso sim.

E quer saber mais, eu vou é sumir com esse caderno de capa dura. Quem dera eu pudesse desaparecer junto n.