A Nossa Publicidade é de ‘Catigoria’







Algumas fichas me caíram depois de ‘estudar’ a última campanha publicitária da H.Stern, estrelada pela Bebel, digo, Camila Pitanga.
Sejamos francos, a H. Stern não contratou somente como garota propaganda - ou seria melhor dizer garota de programa? – a Camila Pitanga, a excepcional atriz que ela realmente é, e a sua categoria de personalidade em alta, mas também a sua personagem, a Bebel.
É bem verdade que o autor lhe deu ares de heroína e que juntamente com o talento da Pitanga deixou-a muito carismática e bem vista, mas não se esqueçam: estamos falando de uma prostituta.
Desculpe o termo, o politicamente correto é chamar essa personagem de ‘profissional do sexo’, Bebel era essa profissional, o público se simpatizou, até aí tudo bem, mas extrapolou a simpatia, o que aconteceu na verdade foi idolatria.
Era de se esperar tietagem dos homens, mas para a minha surpresa, foram as mulheres que realmente veneraram, e não exagero em dizer que gostariam de ser ela, é óbvio, que não a garota de programa Bebel, mas a ‘devassa Bebel’.


Não vou me aprofundar nessa identificação que esta mais para caso de estudo antropológico. Contudo me arriscarei, e não me leve a mal, porque daqui pra frente é conversa de louco, por isso, não fico chateado se você pular a próxima estrofe, que contém a minha explicação quase Freudiana para o caso.


Creio que o fenômeno Bebel, deve estar relacionado com algum mito da mulher dominadora, que encontra a forma de prostituta – falei de novo –, para se afirmar, é algo que vive no submundo íntimo das mulheres lutando para se manifestar e dar vazão a fêmea devoradora, libertando-a da posição de dominada. Seria o machismo às avessas.

Gracinhas a parte, acredito que a identificação ocorra. Tanto, que aí estão meus amigos publicitários para provar meu ponto de vista com a campanha da H.Stern.
Leia só o slogan que acompanha a foto(alto) da ‘devassa’:

“Viva, ouse, inspire-se, coleção 2008”.


As palavras ‘ouse’ e ‘inspire-se’ soam familiar com alguma coisa que eu te disse até agora?




Nas minhas fantasias, visualizo os efeitos intimistas desta campanha gerados nas ‘clientes-consumidoras’, e também nas ‘só consumidoras’ – devem ser a maioria -, é mais ou menos assim:
A Bebel olha pra elas, e sugere com toda a classe de quem agora freqüenta a high society, mas já rodou muita bolsinha:

- Vem, vem comigo, vamos arrasar, somos poderosas, gostosas e o luxo é tudo para nós.


- Nossos brinquedos são pedras preciosas e homens. Mas lembre-se, precisamos dos segundos para ter os primeiros.

Enquanto eu, quase escuto a Pitanga sussurrando ao meu ouvido. Afinal, creio que a Bebel, digo, a propaganda, visa persuadir a maior fatia de clientes da joalheria, ou seja, homens abonados (quem me dera).

- Pedro, compra uma jóia pra sua mulher, pra sua amante, pra mim, pra você me ter. (as duas últimas palavras juntas, caco fonicamente sintetizam a satisfação que você terá, ao se apropriar do produto. Pronto, galinha morta).


Todo esse texto, não é nenhuma crítica à campanha da H.Stern, muito pelo contrário, mostram como a campanha é oportunista como as boas propagandas podem ser.
Trata-se mais de um alerta – como se adiantasse - para a sociedade refletir nos seus ídolos e ícones, que andam se materializando com a permissividade dos nossos distorcidos valores, deixando ‘vazar’ um aparentemente inofensivo personagem, para o universo apelativo do consumo, nos mostrando como somos cínicos, perversos e geniais, porque no rastro disso tudo, a publicidade, que como a boa arte, imita a vida.




Aplausos para as idéias publicitárias que fazem o que lhes mandam. Aumentar o consumo, mas com muita engenhosidade, e como tem gente boa fazendo isso.














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