O Vô da Lê na Lê Mais


- Vem cá meu filho. Ouvi dizer que meu livro já fez rir, chorar e quem sabe até cagar.

No vácuo do comentário a risada alta e gostosa de um nonagenário que você daria no máximo uns 87, se gabando do livro recém lançado. E com todo o direito do mundo, afinal, publicar uma obra nessa altura do campeonato é uma façanha e tanto.

E que velho danado, um contador de histórias de primeira, tem a técnica da arte perdida. Um elo perdido. É uma pena que este senhor - usando suas próprias palavras - "está maduro para a colheita da vida". É bom resaltar que o indivíduo esta maduro mas não podre.
Tente imaginar um senhor lúcido e culto como um bibliotecário de meia idade, mesmo tendo consumido a sua vida na roça.

Ademais sua visão já se foi, a vista fraca não lhe permite mais ler, tão pouco escrever. Eram as paixões do velho. Agora brocha, não pode mais se saciar nos braços de suas amantes.
É uma lição pra mim, pra galera da geral, da arquibancada e principalmente para os das cadeiras, que pelas condições podem mais.
Temos os olhos e os pulsos firmes para ler e escrever mas não nos entregamos à essas madonas. E você sabe que eu não estou falando daquela que canta e rebola como uma gata no cio.

O livro se chama "Memórias e Lembranças de Eugênio Daltoé", uma obra merecedora do pedestal do banheiro de cada um de nós, e deus sabe o quanto gostamos de ler enquanto fazemos aquilo que só nós podemos fazer por nós mesmos, amém.

É como citou lá em cima o ancião: Uma obra que faz rir, chorar e quem sabe até obrar.

3 comentários:

  1. Nesse caso você me fez rir e recordar...É ótimo ler textos escritos a partir do cotidiano e com o seu toque de humor ficam melhores ainda.
    Vou contar pro Nono Eugênio.
    Bjos
    Lê.

    ResponderExcluir
  2. Gostei muito do texto! Acho muito interessante esse formato meio Hunter Thompson, que é quase uma reportagem, mas utiliza uma linguagem própria do autor, mais leve, sem seguir um padrão muito rígido, e que permite que o escritor opine, questione e se relacione livremente com a história contada... É uma pena que esse tipo de jornalismo não tenha muito espaço na mídia... Destaco especialmente o humor que você utilizou, alguns trechos estão muito engraçados! Abraço!

    ResponderExcluir
  3. Valeu a crítica flávio... é uma pena que vc não escreva na Ilustrada. Esse blog iria bombar.
    Grande abraço

    ResponderExcluir

Comente